Personagens - CIA BR 116

Personagens

O elenco
2021

Crédito das imagens: Rodrigo Fonseca

Arkádina

Um pensamento semelhante norteou a Cia. BR116 na construção das personagens em sua adaptação do clássico para teatrofilme. A célebre atriz Arkádina, interpretada por Bete Coelho, é despida de alegorias e estereótipos, evidenciando as dimensões humanas da personagem. Bete também divide a direção da obra com Gabriel Fernandes. Na trama, Arkádina vive um conflito com seu filho, o aspirante a escritor e dramaturgo Treplev, que refuta o tipo de teatro pelo qual a mãe é famosa e compete com o seu companheiro, o aclamado escritor Trigórin.
Um pensamento semelhante norteou a Cia. BR116 na construção das personagens em sua adaptação do clássico para teatrofilme. A célebre atriz Arkádina, interpretada por Bete Coelho, é despida de alegorias e estereótipos, evidenciando as dimensões humanas da personagem. Bete também divide a direção da obra com Gabriel Fernandes. Na trama, Arkádina vive um conflito com seu filho, o aspirante a escritor e dramaturgo Treplev, que refuta o tipo de teatro pelo qual a mãe é famosa e compete com o seu companheiro, o aclamado escritor Trigórin.

Sorin

"Quero dar um tema para o Kóstia escrever. Vai se chamar “O homem que queria”. Eu quis ser um escritor – e não fui; queria falar bonito – e falava de um modo horrível; queria casar – e não casei; queria morar na cidade – e vim terminar minha vida aqui. E fim." Sorin, quarto ato.
É na propriedade rural de Sorin que "Gaivota" acontece. Seu estado de saúde é frágil, o que faz sua irmã, a atriz Arkádina, ir visitá-lo acompanhada do escritor Trigórin, e passar o verão com o filho, Treplev, que vive com o tio, e os agregados do local. Aposentado após trabalhar durante vinte e oito anos no Tribunal de Justiça, o personagem vivido pelo tradutor Marcos Renaux carrega uma espécie de melancolia típica das personagens tchecovianas, que não solucionam seus desajustes em cena, mas os carregam, dando ao público a sensação que eles só irão se agravar no decorrer da vida.

Tréplev

"Nós precisamos de formas novas. Formas novas: é disso que precisamos, é isso ou nada. (...) Personagem vivo! Não temos que representar a vida como ela é nem como deveria ser, mas sim como ela é nos sonhos." Treplev, primeiro ato.
Um dos temas de "Gaivota" é o ofício do artista e seu impulso criador, presente em reflexões que contrastam as tendências artísticas do período, entre o simbolismo e o naturalismo, representadas principalmente pelas figuras de Treplev e de Arkádina. O jovem aspirante a escritor e dramaturgo, interpretado por Matheus Campos, busca criar uma arte que se contraponha àquela feita por sua mãe, uma célebre atriz, e por Trigórin, aclamado literato e seu companheiro.
Ao mesmo tempo em que confronta o ideal artístico e o estilo de vida de ambos, Treplev busca a aprovação dos dois e o amor da jovem atriz Nina, que enxerga em Arkádina um espelho e é encantada por Trigórin. Assim, uma crise obscura o acompanha: “É como se eu tivesse um prego cravado no cérebro que junto com a minha ambição me sugasse todo o sangue feito uma cobra”, diz.

Nina

“Eu tenho fé e não sinto tanta dor. E, quando penso na minha vocação, eu não tenho medo da vida.” Nina, quarto ato.
A motivação para a Cia. BR116 fazer a sua versão do clássico de Anton Tchekhov surgiu a partir deste trecho. A fala da personagem sobre sua vocação como atriz coroa o momento atual da trupe e intensifica nos artistas a força da fé no teatro brasileiro. Nina, interpretada por Luiza Curvo, é uma aspirante a atriz, desejante da fama e do sucesso. Sua visão idealizada, porém, vai sendo substituída pela ideia de que atuar não se relaciona com a glória, mas sim com a capacidade de suportar o sofrimento.

Trigórin

Numa carta escrita em 1892, Anton Tchékhov relata um episódio que ecoou em sua "Gaivota": ele e o pintor Levitan foram caçar galinholas. Uma foi acertada e morta por ele: "E, enquanto dois imbecis voltavam para a casa e sentavam-se para jantar, havia uma criatura fascinante a menos no mundo", escreveu o dramaturgo. Em sua peça, a galinhola é substituída por uma gaivota. "Uma menina vive à beira do lago, assim como você; ela adora o lago, como uma gaivota, e ela é livre e feliz, como uma gaivota. E sem mais nem menos aparece um homem que olha para ela, e, por pura falta do que fazer, ele a destrói, como essa gaivota", diz o escritor Trigórin à Nina no segundo ato.
Apesar do seu sucesso literário, Trigórin sente que não passa de um retratista que só sabe descrever paisagens. Na vivacidade de Nina ele encontra a inspiração que lhe faltava e se agarra a ela, ainda que isso custe a liberdade da aspirante à intérprete e abale sua relação com a célebre atriz Arkádina. Trigórin é interpretado pelo ator Flávio Rochaa no teatrofilme da Cia. BR116.

Polina

"Diante de uma atriz, todos ficam de quatro. Todos!" Polina, primeiro ato.
Casada com Chamraiev, tenente reformado e administrador da propriedade de Sorin, e mãe de Macha, Polina aguarda o momento em que irá parar de esconder seus sentimentos por Dorn, o médico chegado à família, de quem é amante.
"Tenho uma profunda empatia pela Polina, uma mulher sem instrumentos necessários para viver uma vida mais plena. Portanto teve uma vida sem escolha, sem liberdade, sem reciprocidade e sem troca", diz a atriz Muriel Matalon, que interpreta a personagem em “Gaivota”, adaptação para teatrofilme do clássico de Tchékhov que estreia dia 12 de outubro, às 20h, no site da Cia. BR116.

Dorn

"Se os atores são amados pela sociedade e nós nos comportamos diante deles de um modo diferente, isso é muito natural. É o idealismo." Dorn, primeiro ato.
Nas palavras de Arkádina, o médico Dorn, é o amante número um da região, ídolo de todas, em especial de Polina, esposa de Chamraiev. Apesar de reconhecer que as mulheres sempre foram muito generosas com ele, o doutor, interpretado por Diego Machado afirma que, o que elas procuravam, acima de tudo, era o médico competente. Mas não é só para as mulheres que Dorn olha: é ele um dos únicos que enxerga talento em Treplev e o incentiva a continuar.

Macha

"Eu tenho a sensação de já ter nascido faz muito, muito tempo. Eu carrego minha vida atrás de mim como se fosse um peso interminável. Às vezes eu não tenho a menor vontade de viver. Claro que tudo isso é bobagem. Tem que ter coragem, se animar." Macha, segundo ato.
Sempre vestida de preto, Macha está de luto por sua vida: é infeliz. A jovem, filha do administrador da propriedade de Sorin, ama em segredo Trepliov, mas sabe que nunca será correspondida. Apesar da dor, Macha está determinada a arrancar pela raiz o rapaz de seu coração. Macha tem coragem para existir. Não fui criada para isso, mas o teatro me achou a tempo", diz Viviane Monteiro, atriz que vive a personagem no teatrofilme.

Medvedenko

"Ninguém tem o direito de separar o espírito da matéria, mesmo porque o espírito pode muito bem ser uma combinação material de átomos. Mas por que não escrever uma peça sobre a vida do professor? Difícil, uma vida muito difícil.” Medvedenko, primeiro ato.
É o amor por Macha que faz o professor Medvedenko percorrer longas distâncias até a propriedade de Sorin para vê-la. A filha do administrador do local, porém, não corresponde ao seu afeto: secretamente, nutre uma paixão pelo jovem escritor Treplev. A ternura com a qual o personagem se comporta mesmo diante das dores da vida encanta o ator Murillo Carraro, que o interpreta em ‘Gaivota’. "Medvedenko se mistura muito com a minha vida. Minha mãe é professora aposentada, cresci vivenciando as dificuldades da profissão. Apesar dele ser ignorado por todos, transborda afeto e carrega o espírito da amizade", diz.