Numa carta escrita em 1892, Anton Tchékhov relata um episódio que ecoou em sua "Gaivota": ele e o pintor Levitan foram caçar galinholas. Uma foi acertada e morta por ele: "E, enquanto dois imbecis voltavam para a casa e sentavam-se para jantar, havia uma criatura fascinante a menos no mundo", escreveu o dramaturgo. Em sua peça, a galinhola é substituída por uma gaivota. "Uma menina vive à beira do lago, assim como você; ela adora o lago, como uma gaivota, e ela é livre e feliz, como uma gaivota. E sem mais nem menos aparece um homem que olha para ela, e, por pura falta do que fazer, ele a destrói, como essa gaivota", diz o escritor Trigórin à Nina no segundo ato.